quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Ipê-rosa

Enfim Sil apareceu. Senti que ela voltaria, engraçado, quando fixei meu olhar na copa carregada de flores de um Ipê-rosa que fica próximo à esquina de casa. A imagem de Sil sorrindo e, sobretudo, sua lingua roçando os lábios com malícia logo me vieram a cabeça após levar aquele golpe de beleza que recendia da copa daquela árvore de esquina. Quando veio à porta me atender, Sil não era a Sil e sim uma garota muito loira com cabelos lisos, bronzeadíssima e muito, muito bonita. O seu perfume imponente chegou antes dela e me invadiu. Entrei como se não fosse minha casa, sem graça. Eu sou Bianca, prazer ! Disse, sem a mínima vergonha de vir me atender de calcinha e sem sutien. Calcinha rosa, tipo cintura baixa. Mas só pude conferir esse detalhe muito tempo depois... pois quando entrei, e mesmo depois de ver Sil (também sensualíssima penteando seus cabelos e testanto o batom no espelho) eu estava completamente congelado nas ações. Eu, sujeito rodado em sacanagens, regredira uns 20 anos. Era uma criança com óculos fundo de garrafa e amarras na dicção. Tudo por causa daquela beleza exagerada, fulgurante, quase um ultraje, uma ofensa. Desculpa, conheci a Bianca ontem... ela bebeu um pouco a mais e não dava pra ela voltar pra casa dela... você sabe né, essa porra de lei seca. Mais ela já pode ir se você quiser, Má...
Eu disse que não, em hipótese alguma, que ela era minha convidada para o almoço...
- Aliás, a gente aproveita e te conta o que rolou ontem... né Bi ?
Bianca se aproximou com seu corpo de serpente tatuada, e disse que se eu quisesse ela faria o almoço.

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