domingo, 29 de agosto de 2010

Bianca e os vaga-lumes

 
   Ando lento & alucinado pelo Parque Ibirapuera, horário indefinível, a tarde (ou noite) já desfalecida nos braços da noite (ou tarde)- relâmpago dos néons verdes entremeados às árvores - vejo Bianca, seus óculos escuros e a calcinha rosa brilhante, brincando com vaga-lumes apoiada num Ipê-amarelo. Siderado, ajoelhei aos seus pés - fiz em silêncio uma prece à Rimbaud - e subi pelas pernas longas roçando o meu rosto na pele tatuada de Bianca,  sentindo seu cheiro agridoce, velho conhecido cheiro do seu suor e do perfume  infernal que marca o quarto de Sil até hoje. Os vaga-lumes faziam festa ao meu redor, indagando meu rosto transtornado pela surpresa do encontro - aquela Vênus degradada dentro da noite quente. Encaro sua buceta, vejo todos os talhes marcando a pele fina do tecido, ela respirava, pulsava e dançava ali, de frente ao meu nariz ávido do seu cheiro. Sua mão de dedos longos, fortes, empurrava minha nuca de encontro a ela, o porto onde vários sonhos de outros alucinados morreram, foram assassinados, por aquele cheiro libertário & diabólico. Só então pude ter a sensação de surfar num relâmpago, da realidade fulminada pela beleza de uma teia de sonhos lisérgicos, pela buceta quente, quase elétrica, de Bianca. Uma das coxas caía no meu ombro e pude sugar toda a estensão daquela carne bruta,  que também parecia me chupar, pedindo que minha língua entrasse fundo, meu rosto, minha paixão, minha vida inteira ! Então Bianca propôs que partíssemos dali, levados por aquela nuvem mesma de vaga-lumes, e fôssemos conversar num boteco qualquer, disse que uma noite quente é uma dádiva, que minha boca é uma dádiva e eu já não existia, pois agora estava dentro dos seus olhos loucos...


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O banheiro sujo.

  Após todos os drinks a mais, olhávamos o efeito da iluminação em strobo fuzilando os globos de ladrilhos prateados - e ríamos, bêbados e sem direção ou raciocínio ou moral ! O "tudo" e a "plenitude" equivalem ao lixo reprimido, só o Nada é soberano e libertador. A morena com os óculos verde-limão fumava docemente e a fumaça abraçava seu belo nariz romano, dominante (logo pensei !), e sua companheira punha-se de forma a rebolar contra aquele corpo musculoso-feminino. Um beijo que brotasse delas me realizaria, um beijo sujo & amoral, perverso, me atingiria no peito em cheio e a vida faria menos sentido, como convém !  Duas bocas com o mesmo hálito nicotinado, marihuanizado, a lamberem-se na minha frente ao som underground dos sintetizadores em pânico: Sisters of Mercy, Lucrecia my reflexion, era o que eu ouvia já no banheiro imundo,  tendo Vânia Gladst e Tália devorando-se com as mãos (seus anéis de serpente brilhando por vezes), à minha frente, exibindo a paixão das suas unhas nervosas, e suas peles brancas (as tatuagens navegando em suor), lindas pinups decadentes a chuparem-se como se a vida acabasse ali,- fosse esse banheiro podre o umbral e os globos prateados estourados pelo strobo, a paisagem infernal.
Pediram que eu gozasse em suas botas degastadas. As gotas eram como os caminhos que as velas vão deixando...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O castigo de Tamara.

  
    Você não faz ideia para qual esfera você me leva, assim, nervosa acompanhando minha dança com os olhos famintos e a boca cheia da saliva quente - saliva afeita à veneno - minha dança com sua amiguinha sacana montada em meu pau e chorando, pedindo a sua ajuda, ela diz que não mais será a menina má, a traidora, a filha da puta que lhe tirou Alex, fácil fácil, como quem bebe uma cerveja. Alex não resistira ao seu cheiro de vadia e à boca carnuda que passava tardes a chupá-lo de todas as formas - inclusive no ânus, sua especialidade aprendida perfeitamente, quando circunavegava pelos bordéis de Amsterdã. Não, não iria mais prejudicá-la, estaria ao seu lado e agora estava disposta a pagar pelo erro cometido com Alex, transformada em escrava sexual por um dia inteiro.
   Sil me concedeu esse privilégio, disse para eu fazê-la sofrer o máximo possível, disse que não queria vê-la sentindo tesão, só dor em cima de dor, que assistiria a tudo dali, do seu sofá predileto, o Luiz XV de forração vermelha que a deixava sensualíssima hoje, pois combinava com suas pulseiras acrílicas vermelhas e o tom de sangue de suas recém-nascidas tatuagens selvagens na virilha, seios e braços.
   Que bucetinha macia a de Tamara, Sil ! Penso enquanto vou metendo fundo deliciosamente, bucetinha de aparência intocável, doce, com os lábios lisos de um púrpura raro e, sobretudo, com um odor que impregnava o corpo, algo entre o âmbar e o musk. Também havia os gritinhos divertidos de quem sabe ser o objeto de prazer, devassa & pueril ao mesmo tempo. Tamara é linda de morrer, Sil, e você também, com esses olhos de amêndoas !
   Mas Sil tem o rosto contrariado, ela estuda irritada meus movimentos e nossas caras de delírio, fixa às vezes os olhos no meu pau e posso até afirmar que se excita, pois morde um pouco os lábios e acaricia quase imperceptivelmente as partes internas das coxas. Fico meio envergonhado com esse olhar da minha prima, ela nunca me viu asim, em ação, embora eu já tenha assistido a várias transas dela, como convidado. Sil me indaga se não posso ser mais rude e pede para que eu pegue Tamara por trás. Obedeço. Tamara contrai-se em diversos espasmos e desmaia em mim, após algum tempo de sodomia. Percebo que Sil não está mais no quarto. Seus escarpins pinks estão aos pés do Luiz XV.  
  

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Solar

   E como fica Sil neste inverno, uma mulher tão solar, que num domingo de um verão qualquer me disse após retornar do clube (um sorriso amplo na boca e nos olhos) que naquela tarde havia vestido o sol e ele lhe caíra muito bem: difícil dissociar certas pessoas do fogo, são consanguíneas a ele e quando lhes falta, emudecem a carne, murcham, os passos desvariam e o ímpeto se afrouxa. Mas naquele domingo, ápice de fevereiro, não. Contou-me divertida hoje, olhando para o céu triste,  como "corrompeu" certo garoto que a olhava petrificado, acompanhando a minha mais leve respiração, me disse:  Eu sempre fui de usar biquininho indecente, sempre gostei, e naquele dia não foi diferente. Estava louca pra fantasiar, pelo menos, com algum voyeur. Eis que aparece o garoto. O belo garoto de mãos e braços fortes a me olhar pedindo o meu corpo. Ninguém a nossa volta, era um dia de semana normal, que em São Paulo é um dia de trabalho, nada mais. Mas o tempo parou pra gente, ele se aproximou, na cara o "tudo ou nada", kamicaze demais, ou-vai-ou-racha, a brisa da tarde penteando a superfície da piscina... - Tá bom, cara, mas vamos sair daqui... - Lá nos coqueiros ?...Pode ser, eu vou primeiro, depois você vai...-Tá certo minha tesuda... E lá estava eu, no espaço do jardim, no coqueiral, ouvindo a agonia das cigarras e o fla-fla do vento nas folhagens. O meu corpo era minha buceta, eu era ela e sentia calafrios...Ele veio. A mão direita me agarrou, a esquerda descolou o biquini da minha bunda farta... O tempo girou em 360 e o garoto pulsava seu pau nas minhas costas, ajoelhei e guardei a alma dele inteirinha na minha boca, durante 10 minutos ou horas, não sei... A alma dele se liquefez entre minha língua e o palato, alma doce de menino que bebe a vida a cada olhar: -Tchau, me chamo Robert, vou indo se não pode "sujar". Eu era a piscina lenta dentro do crepúsculo de mais uma tarde vadia de verão...
   Ela disse olhando para o céu triste do inverno que a matava por dentro. Me pediu um beijo. Eu disse pra ela procurar o Robert, ambos rimos muito mas, na sequência, ela emudeceu.

  

sábado, 14 de agosto de 2010

Dominação

   Wagna ao telefone tinha uma voz sinistra, quase trêmula, apesar de insistir em que estava tudo bem. Tergiversou diversas vezes, a mim só interessava se ela havia arrumado a situação. Ela disse que sim. Saí. O dia denso de nuvens & vento frio já havia ressecado diversas folhas que agora arranhavam as calçadas por onde eu ia, - lembrei das unhas de Sil ferindo a velha poltrona Luis XV vermelha enquanto Alex a sodomizava com os seus olhos maníacos. Será que Wagna arrumara tudo mesmo? O peso escuro do céu tinha muito da postura austera de Wagna - apesar de sua pouca idade: 25 anos.
   Derramou duas gotas de sangue em minha stonilichnaya blue após cortar minimamente seu dedo médio com um anel de serpente que fazia jogo com o bracelete prata próximo ao ombro direito. Chupou o dedo lesionado enquanto largava-se em meu colo, olhando-me com seus olhos siberianos vazios de tão claros, olhos que naquela manhã haviam concluído o Dostoiévski que começara há quinze dias, Memórias do Subterrâneo. Swen aproximou-se afoito, havia esperado muito aquele momento, sua esposinha sem roupa no colo de um estranho, com suas ancas desejadíssimas por outros homens no colo daquele homem, sua pele de alabastro tatuadíssima, sua feição selvagem & doce ao mesmo tempo e um coração que era seu, só seu, apesar dos pedidos de Swen para que ela o humilhasse na cama. Ele aproximou o seu pau suplicante da boca deliciosa de Wagna, ela me pediu permissão ainda com o dedo na boca, eu disse que sim, que duas horas de sofrimento já foram suficientes para Swen. Acho inclusive que vi Swen chorando de tanta raiva & desejo...foi quando ela pegou daquele cacete intumescido de tanto aguardar, suas veias de tão saltadas enlaçaram o pescoço de Wagna que arregalou os olhos e sentiu um golpe profundo na garganta, como se lhe socassem o mundo pela goela. Ao mesmo tempo enfiei de uma vez em Wagna, sentindo o seu ânus agarrar meu pau com desespero, procurando talvez um porto seguro... Wagna foi violentada consentidamente durante uma hora e sorria muito depois que seus dois companheiros de solidão a cobriram o rosto daquele líquido viscoso e vital, único, agridoce como a vida de volta a sua rotina sempre seria, para todos.  

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Escravinha

   Luccia grudou nas minhas costas, indefesa e suja ao mesmo tempo, vi as suas mãos como se tivessem vontade própria, independentes, agarrarem meu pau que já atingia o máximo da espessura e tamanho, como esculpido em bronze - reparei como o néon do relógio na estante refletia na glande lustrosa - Não consigo controlar meu coração, amor, parece que vai explodir...Luccia murmurava e enchia minha nuca de saliva, a voz tremida como suplicando a vida à um carrasco, Ai, que delícinha de rola quente, a Bianca tava louca pra sentar em cima dela, ela me disse...Ouvi aquilo e senti que nunca havia ficado tão excitado, como se meu pau estivese dentro de um invólucro apertadíssimo e lutasse para estourá-lo. Luccia arranhava meu saco devagar e esfregava-se nas minhas costas, compassada, ao som de John Coltrane vindo da sala, ao mantra de Coltrane A Love Supreme, a love supreme, a love supreme...Sabia com isso que era a hora de beber o corpo da minha escravinha, centímetro por centímetro, devagar, a love supreme, a love supreme... apaixonado e assassino, terno e viciado, louco dentro de uma tarde densa de inverno cinza. Posso dizer que te amo, menino lindo? Podia, mas teria que me oferecer sua bundinha depilada, abri-la bem até sentir-se desprotegida ao extremo e engolir meu cacete que já parecia tomar a proporção do meu pulso ! Te amo....te amo..te amo...ahhh !
   A love supreme, a love supreme, a love...  Explosão. E dentro do milagre daquele gozo, dentro de Luccia reencontrei Bianca com suas tatuagens flamejantes a me olhar, lambendo uma flor de papoula...

   Depois Luccia foi-se embora, lépida,  tão contente como chegou - rebolando a bundinha rebitada que tão bem me fez e percutindo o chão com seu peep-toe rosa-choc: Te amo menino lindooo !      

sábado, 7 de agosto de 2010

Lady Godiva

   A loira feita de tempestade sentava no rosto de Alex - como Lady Godiva em seu cavalo -enquanto sugava a língua de Sil... era algo mais que uma mulher, talvez uma entidade satânica ou angelical, não é fácil definir alguém que personifica tão bem a sacanagem. Ela tinha mais que dois braços, mais que duas pernas e os lábios da sua buceta é que lambiam a cara de Alex e impregnavam seu rosto para sempre daquele cheiro profundo, cheiro de abismo!
- Fode meu anjinho, fode, Bi... rebola na carinha dele, esse filho da puta! Sil empinava sua bunda mostrando que estava disponível a receber seu namorado de volta, após tanto tempo longe dele, agora teria de novo o pau que conhecia tão bem, veia por veia, e que tantas vezes já engolira que o julgava talvez como parte sua. Bianca domando a ambos montou a cena, segurou Sil pela cintura, corrigiu a angulação das costas de Sil, de forma que a xana depilada se mostrasse inteira a Alex - uma fruta inexplicável, suculenta, um segundo a mais talvez apodreceria de tão madura - nunca algo foi mais certo do que aquela penetração, ele colocou seu caralho com vontade sentindo na barriga como que um frio de lâmina: eram os olhos vermelhos e loucos de Bianca que o secavam como um monstro pronto a arrancar sua cabeça com uma mordida: ela secava-o e ele ia se apaixonando cada vez mais e, proporcional a essa sua súbita paixão, ia socando violentamente em Sil, até fazê-la flutuar num orgasmo único e febril. Bianca virou as costas para Alex e ele pode ver entre os cabelos loiros a Shiva tatuada que, aos poucos ia tornando-se uma serpente colorida, e ele não pode resistir - explodiu seu gozo incandescente nas costas daquela maldita tentação:
- Uau ! Que leitinho bom do seu gatinho, Sil!  Sil desmaiara caida de boca no lençol. Alex ainda voava pelo quarto. Eu apoiava minha cabeça na parede... totalmente fascinado.

   Isso fora na quarta-feira. Bianca foi-se ontem junto com o sol. Hoje o tempo amanheceu negro como as olheiras de Sil e Alex.     

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Vento nas cortinas

   Isso. Foi um fim de semana de vento nas cortinas da sala. Ficava observando o volume que elas faziam como se fossem pedaços de nuvem contra o cenário de céu azul. E o ruído leve que faziam suas cambraias era delicioso, quase um suspiro, uma prece. Bianca saía do quarto só para ir ao banheiro ou tomar água na cozinha. Sil quando saía tentava mostrar alguma preocupação com a minha solidão, aproximava-se com um cheiro forte de mistura de perfumes e suores na pele, muito calma, ajoelhava no tapete da sala e passava a mão pelos meus cabelos e sussurrava coisas non-sense com um hálito de marihuana & licor de pêssego (sua bebida preferida). Dizia que desde sexta-feira ambas estavam participando de um ritual xamânico em uma aldeia do Amapá, Bianca havia entrado em transe depois de provar do sêmem de três jovens índios que foram, inclusive, inaugurados por ela mesma. A loira tempestuosa que dançava em meio às tempestades e se oferecia aos raios... Sil tinha os olhos verde-piscina vidrados na tv desligada... estava nua e eu evitava olhar entre as suas pernas, aliás, olhava de relance como para conferir se Sil, após tantas aventuras e em tão pouco espaço de tempo (a casa de swing e as transas loucas com Bianca) não machucara-se ou continha sinais de violência - não, ela parecia, ao contrário, ter ficado ainda mais sensual - tanto seus lábios quanto a sua vagina estavam túrgidos, como prestes a exalar algo muito doce e brilhante...Levantou e se dirigiu ao quarto como que atendendo à um chamado só ouvido por ela, dentro de si...