segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A boca surreal.


    Dia frio. Perfeito para os olhos vítreos de Wagna. Swen tem um encontro e nos deixa à vontade com a garrafa de vodka - como uma árvore ornamental de gelo - no canto do tapete persa. Procuro histórias loucas que me façam sentir que viver vale a pena. Wagna é o manacial perfeito delas. No meu colo, sinto seu cheiro imponente, seu corpo em chamas escorrendo pelas minhas mãos. Ela me diz da sua predileção por sexo oral com vários parceiros ao mesmo tempo. Fizera duas vezes nas noites de Moscou, em suas vadiagens pelo underground russo. Numa delas eram 6 cacetes loucos pelo seu rosto de naiade siberiana, famintos pela maciez de sua boca rosa com hálito de absinto, enlouquecidos por gozar em seus cabelos lisos & ensolarados. Ela sentia-se rainha, seus súditos tinham veias que quase estouravam por ela. E ela dava a todos sua boca, suas flores de saliva quente que aconchegavam aqueles membros desesperados, com a urgência da reverberação pulsante da vida pelo prazer. Todos gozavam repetidas vezes e Wagna disse que nunca ouvira uma sinfonia tão terrível quanto a dos gritos que ecoavam madrugada adentro naquele bar decadente, tudo por causa de sua boca surreal. Viciara-se e aquele seu vício provinha do seu senso de dominação, ver curvados por segundos homens montanhosos, vê-los gemendo vencidos em seus gozos elétricos.
   Derramou a vodka gelada em meu pau e fomos nos embriagando aos poucos. Ela me engolia devagar com sua cara de loba faminta. Disse que quando chegasse a hora, eu poderia gozar nas bordas de sua taça de cristal.  Guardaria para Swen, foi um pedido dele. Senti como se ela arrancasse minha alma com sua sucção. Seus olhos brilhavam mais do que o cristal da taça. 
   Quando saí, caminhei pensando em seu desejo de encontrar súditos que a façam sentir aquilo tudo novamente, satisfazer aquele seu vício infernal. 

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Doce violência



    Até que ponto iria meu sangue frio ? A nuvem de ópio ainda era densa e o odor era frutal, como se estivéssemos dentro de uma floresta no Camboja... os gritos terríveis. Tália fora amarrada no espaldar da poltrona, seus quadris erguidos e a bunda empinada pareciam se divertir enquanto seu rosto contorcido de pavor, não. Na verdade essa dúvida indignava Tália: porque seu corpo passava para o lado do corruptor, do carrasco ? O pior, a sua voz também. E o que dizia, implorando. Mete logo esse caralho...me arrebenta...tô louca pra gozar, cara !!!...Seus olhos, não. Esses choravam pois pareciam angélicos -como que diziam: como me envergonha o meu corpo ! Pobre dele, ele não sabe o que faz... 
   Meu sangue frio, até que ponto iria. O corruptor começava o espancamento. Eram tapas de mão cheia que arrancavam gemidos e grunhidos trêmulos dela - medo ou tesão ? Eu ía me deliciando, resolvi tomar partido do corpo de Tália, eu estava do lado dele, confiava nele (no conflito entre moral e corpo sempre fui a favor do corpo). Percebi que Tália rebolava sensualmente e seu corruptor tinha a lingua quase a descolar da boca. Ele ajoelhou e mandou que ela rebolasse em sua cara. Ela fez. Ele foi envolvido por aquela buceta rosa e perfumada (ele a farejava como um cão). Chegou a hora. Ele levantou-se, saiu da sala. Tália gritava desesperada, desamparada.
   Ele voltou após tragar mais ópio. Tomou da calcinha que estava largada ao lado de Tália. Envolveu o pescoço daquela menina linda dos olhos angélicos e foi apertando, apertando... Sacou seu pau e foi metendo na boca carnuda que já respirava com dificuldade. Gozou como um cavalo no mesmo momento que Tália revirava os olhos (depois ela me disse que de fato, nessa hora, vira alguns anjos de olhos arregalados a olharem para ela!). Ela também estava gozando.
   Após a nuvem de ópio dissipar-se, vi que Tália e seu amigo dormiam envoltos um no outro, doces, quase confundindo-se...