quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O banheiro sujo.

  Após todos os drinks a mais, olhávamos o efeito da iluminação em strobo fuzilando os globos de ladrilhos prateados - e ríamos, bêbados e sem direção ou raciocínio ou moral ! O "tudo" e a "plenitude" equivalem ao lixo reprimido, só o Nada é soberano e libertador. A morena com os óculos verde-limão fumava docemente e a fumaça abraçava seu belo nariz romano, dominante (logo pensei !), e sua companheira punha-se de forma a rebolar contra aquele corpo musculoso-feminino. Um beijo que brotasse delas me realizaria, um beijo sujo & amoral, perverso, me atingiria no peito em cheio e a vida faria menos sentido, como convém !  Duas bocas com o mesmo hálito nicotinado, marihuanizado, a lamberem-se na minha frente ao som underground dos sintetizadores em pânico: Sisters of Mercy, Lucrecia my reflexion, era o que eu ouvia já no banheiro imundo,  tendo Vânia Gladst e Tália devorando-se com as mãos (seus anéis de serpente brilhando por vezes), à minha frente, exibindo a paixão das suas unhas nervosas, e suas peles brancas (as tatuagens navegando em suor), lindas pinups decadentes a chuparem-se como se a vida acabasse ali,- fosse esse banheiro podre o umbral e os globos prateados estourados pelo strobo, a paisagem infernal.
Pediram que eu gozasse em suas botas degastadas. As gotas eram como os caminhos que as velas vão deixando...

2 comentários:

menina fê disse...

é a melhor sensação... fazer tudo porque o mundo pode acabar... e se não acaba, pode repetir!

hahahaha

bjs meus

Nathy disse...

Adorei o blog! To seguindo!